quinta-feira, 4 de novembro de 2010

TRIBUTO A "ELAS"

David Iasnogrodski – engenheiro, administrador, escritor – david.ez@terra.com.br


Estamos no ano das datas “redondas”. 30 anos da Bossa Nova (Brazilian Jazz!), 180 anos da Imigração alemã e também 100 anos da primeira Imigração judaica no Rio Grande do Sul. São datas importantes. Também nesse 2004 é ano Internacional da Mulher. Mulher esta que está a receber a maior das homenagens. É esta a figura da família. É a figura da mãe. É esta a figura do lar. É esta a figura da empresa. Sim, hoje inclusive fazendo parte dos altos escalões das organizações. Conquista esta por sua habilidade e competência. E que competência!

100 anos da imigração judaica no Rio Grande do Sul. O nosso Estado, que é um cadinho de raças e credos. O nosso Estado que tão bem acolheu e continua acolhendo a todos os imigrantes que aqui aportam. Vieram sempre com sua família e a figura da mulher sempre foi importante. Os imigrantes judeus que aqui chegaram, vindos de tão longe, de tantas agruras sofridas, foram inicialmente para o interior do nosso Estado. Foram para a área rural. Foram plantadores mas também trouxeram sua contribuição a diversas profissões: marceneiros, açougueiros, alfaiates, carroceiros, mascates, entre outras. Ah! Mascates. Meu pai foi mascate! “ Os prestações, de grande lembrança a todos nós! Os iniciadores do Serviço de Proteção ao Crédito”.

Todos eles traziam junto de si sua mulher – a companheira de todas as horas. Aqui se estabeleceram. Aqui se mantiveram até hoje. Aqui educaram seus filhos e filhas.
A mulher , as companheiras de sempre, eles devem muito. A estas mulheres nossa homenagem. Aqui valem destacar entre tantas e tantas mulheres de descendência judaica, algumas em que este Estado conheceu e continua conhecendo pelo trabalho, dedicação diuturna a sua família e ao Estado que tão bem acolheu sua família.

Estela Budiansky, a pediatra. A estudiosa da medicina. A integrante da ONU, onde representou o Brasil na Tailândia junto com sua sabedoria e experiência e também aqui na Porto Alegre junto à Santa Casa. Bertha Starosta, a filantropa que juntamente com seu esposo trouxeram ao Rio Grande do Sul toda a sua família da Rússia em função da hospitalidade da nossa população. Bertha e Joana Weil, outra filantropa, lideraram aqui outras mulheres em prol da solidariedade humana. Malvina Dorfman, a educadora onde ontem e ainda hoje tem uma vida inteira dedicada à educação, inclusive hoje exercendo suas funções junto à nossa Pontifícia Universidade Católica. Anita Brumer, a socióloga e pesquisadora; Meri Waiss, a escritora das crianças; Ida Waisfeld e Helena Waimberg, as cantoras líricas; Maria Nestrovsky Folberg ligada diuturnamente à educação; Zelda Oliven, a líder das mulheres pioneiras; Helena Zelmanovitz, a eterna mulher ligada a transmitir e ensinar a culinária judaica; Eva Sopher – “a primeira dama do teatro gaúcho” – assim se expressam os grandes intérpretes do teatro brasileiro quando chegam a Porto Alegre; Mirna Spritzer, sempre ligada à arte cênica e por fim uma mulher mista de educadora e executiva – Matilde Groissman Gus. Presidente da Federação Israelita do Rio Grande do Sul e que também atuou na educação como professora.

São exemplos ricos da imigração judaica no Rio Grande do Sul. São exemplos de imigrantes, de filhas, de netos daqueles que aqui aportaram e que nos deixaram esta magnífica herança. A herança da liderança. A herança da educação. A herança da solidariedade. A herança da integração com a sociedade. A herança da felicidade. A herança da milenar tradição judaica.
18 de outubro de 1904 – 18 de outubro de 2004 - 100 anos da imigração judaica no Rio Grande do Sul. Vejam bem a curiosidade: 18 (chai) em hebraico significa “vida” – é a vida destas pessoas que estamos reverenciando.

O Rio Grande do Sul que é uma miscigenação de raças e credos é formado por seus imigrantes: italianos, árabes, alemães, judeus, japoneses, poloneses e outros. Devemos muito àqueles que nos ensinaram a viver e a conviver com todo e qualquer obstáculo, pois vinham com seus problemas, mas ao chegarem aqui, terra estranha mas hospitaleira, tiveram que esquecer tudo e trabalhar. Trabalhar para construir sua vida e de sua família mas não esquecendo nunca de sua comunidade e suas tradições. Assim o fizeram. Contentamento. Felicidade. Integração. Palavras que estiveram sempre junto do imigrante. Também junto a eles sua mulher, sua companheira. Aquela do carinho. Aquela que ajudou sempre na conquista e erguimento da família. Aquela que ajudava no esquecimento da saudade de alguns entes queridos que ficaram tão longe.
É a vida. Foi a vida do imigrante. Imigrante que chegou ao nosso Estado e viu aqui o seu Porto Seguro.
Imigrantes! Nossa Homenagem. A vocês mulheres nosso muito obrigado. Que belo exemplo!


David Iasnogrodski
Engenharia civil, Administração de empresas, professor universitário, professor da advb/, autor de várias obras.

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