Sagiv Simona, um empresário israelense que residia em Fortaleza há dois anos, foi vítima de um atentado na capital cearense no início da tarde desta quarta-feira, 20, e acabou falecendo.
Segundo o jornal O POVO, Sagiv Simona foi atingido por cinco disparos efetuados por dois homens que agiram em um veículo modelo Gol.
Após ser baleado, o israelense perdeu o controle da direção e acabou colidindo contra um poste, na avenida Rogaciano Leite. A vítima foi socorrida em estado grave e encaminhada ao Instituto Doutor José Frota (IJF) por volta das 14h30. Já às 16h, o hospital confirmou que o estrangeiro teve morte encefálica. Sagiv Simona era casado com a cearense Patrícia Simona, com quem tinha três filhos.
Há dois anos anos, Sagiv Simona foi entrevistado por outro jornal da capital cearense, o Diário do Nordeste. Na oportunidade o empresário teceu comentários sobre a questão israelo-palestina.
Para melhor compreensão do conflito, Nagiv traçou um paralelo entre os palestinos do Hamas e os traficantes de drogas do Rio de Janeiro. Para o israelense, não havia comparação melhor. O agravante do Hamas, segundo Nagiv, é que diferentemente dos traficantes cariocas, o Hamas além de controlar a região, conta com o apoio dos próprios palestinos. “Os habitantes da favela não elegeram os traficantes, os moradores daquela região, sim” – comentou o israelense.
Aproveitando a oportunidade, o empresário disse ao Diário do Nordeste que era preciso esclarecer o que se passava do lado de Israel, pois as pessoas o abordam de maneira preconceituosa, pelo fato de ele ser judeu. “Viver com bombas o tempo todo não é fácil. Israel não está em guerra contra os palestinos, mas contra as bombas que são atiradas todos os dias pelos terroristas do Hamas”, explicou.
Segundo Sagiv, em Ramle – cidade onde nasceu e passou parte da juventude – o convívio com os vizinhos árabes foi tranqüilo até 1987, quando o Hamas estourou o conflito. “De repente, as pessoas me olhavam com sangue nos olhos”, lembrou.
Para ele, os árabes de Gaza são terroristas que não admitem a presença de judeus na região. “Está escrito na bandeira deles: mata judeu e destrói o estado israelense”, disse o empresário.
Quando concedeu entrevista ao jornal cearense, estava em curso no Oriente Médio as escaramuças entre Israel e os palestinos da Faixa de Gaza. Sagiv – que como todo judeu havia servido nas Forças de Defesa de Israel (FDI) – explicou que o motivo da guerra era os ataques do Hamas à Israel, mesmo após a retirada das tropas na região. “Não adiantou Israel retirar as tropas e desocupar várias cidades na Faixa de Gaza, as bombas continuaram aterrorizando as pessoas”.
DUAS IRONIAS
Dois fatos chamaram-me a atenção quando tomei conhecimento deste trágico acontecimento. Primeiro, o fato de que ninguém está preparado para a violência que tomou conta das ruas das grandes cidades brasileiras. Sagiv Simona tinha um dos mais altos níveis de preparação em defesa pessoal e sucumbiu. Ninguém passa pelas FDI sem sair de lá com uma consistente capacidade de defender o Estado de Israel como um todo e a si próprio em particular. Mesmo assim, este preparo todo não foi suficiente para livrá-lo do atentado.
A segunda coisa que me chamou a atenção, foi que eu morava em Fortaleza e mudei-me para Israel com o objetivo de fixar residência justamente em Ramle (Acabei ficando em Hod HaSharon). Na época fui chamado de Louco, afinal de contas como podia alguém, em sã consciência, levar esposa e dois filhos para uma cidade no interior de Israel!?
Ironicamente, Sagiv Simona nasceu e passou a infância na supostamente perigosa Ramle. Acabou morto nas ruas da supostamente pacata Fortaleza.
Publicado em Notícias
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Israelense é morto com 5 tiros na Rogaciano Leite
O israelense foi executado enquanto dirigia seu carro na avenida Rogaciano Leite. Foram pelo menos cinco tiros. O caso será investigado pela Divisão de Homicídios
21.04.2011| 01:30
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O israelense Sagiv Simona, 35, estava sozinho em seu carro, esperando o sinal abrir, na avenida Rogaciano Leite. Nem imaginava que, no veículo ao lado, estavam seus executores. Foram pelo menos cinco tiros, disparados de dentro do carro. Sagiv ainda tentou escapar dos bandidos, mas foi atingido na cabeça.
O atentado foi no início da tarde de ontem. A vítima teve morte cerebral confirmada ao receber atendimento médico no Instituto Doutor José Frota (IJF), no Centro. “Ele era uma pessoa tranquila. Tinha problema com ninguém. Não dá para entender o que aconteceu”, diz o amigo Eleonardo Almeida.
Sagiv morava há dois anos em Fortaleza. Era casado com uma cearense e tinha três filhos. “Ele trabalhava com revenda de carros. Nesse ramo, você acaba fazendo inimizades”, comenta o delegado Franco Pinheiro, diretor-adjunto da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa.
Na próxima segunda-feira, o delegado vai ouvir testemunhas e familiares para tentar desvendar o caso. “Não há nada registrado contra o israelense (na Polícia). O crime ainda é um mistério”, pondera. Segundo testemunhas, o carro usado na execução foi um Gol prata. “Disseram que tinham duas pessoas no veículo.”
A abordagem foi no semáforo próximo à Câmara Municipal de Fortaleza, no bairro Luciano Cavalcante. O empresário estava em um Honda Accord. Após os primeiros tiros, ele ainda tentou fugir, mas, ao ser atingido, perdeu o controle da direção e bateu em um poste.
“Tinham cinco marcas de tiro no vidro do carro”, informa o diretor-adjunto da Divisão de Homicídios. A Perícia Forense do Ceará (Pefoce) ainda vai identificar a arma usada no crime. “Tudo indica que foi um revólver.”
Doação de órgãos
De acordo com a assessoria de imprensa do IJF, a família do israelense autorizou a doação de órgãos. Mas, como houve parada cardíaca, apenas as córneas serão aproveitadas.
O empresário era membro da Sociedade Israelita Cearense. No ano passado, ele organizou o I Congresso Nacional de Bnei Anussim. Os bnei anussim, ou anoussitas, como se denominam, são os descendentes de judeus perseguidos no período da Inquisição.
“Estamos vendo como fazer para levar o corpo dele até Israel. Ele tem que ser sepultado lá, em cemitério judeu”, diz Eleonardo Almeida, amigo da vítima. Sagiv nasceu em Ramle, cidade de Israel onde se tornaram comuns conflitos entre israelenses e palestinos da Faixa de Gaza.
Quem
ENTENDA A NOTÍCIAO israelense estava morando há dois anos em Fortaleza. Ele era casado com uma cearense e tinha três filhos. Trabalhava com venda de veículos. Em 2010, organizou o primeiro Congresso Brasileiro de Anoussistas, que são os descendentes de judeus perseguidos na Inquisição.
SAIBA MAIS
O POVO chegou ao Instituto Doutor José Frota (IJF) no momento em que a família saía do hospital. A mulher - a cearense Patrícia Simona - estava muito abalada.
A concessionária da qual o israelense é sócio fica na Rogaciano Leite, a mesma avenida em que foi executado.
A Polícia vai analisar as imagens gravadas pelo Controle de Tráfego em Áreas de Fortaleza (CTAFor) para tentar identificar o veículo usado no crime.
A esposa de Sagiv é filha de cearenses judeus.
A suspeita da Polícia é de que o autor do crime é alguém que estaria devendo dinheiro ao israelense.
Tiago Braga
tiagobraga@opovo.com.br
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