Asegun vos avia eskrito, muestro poeta Haim Vitali Sadacca esta agora en Turkia, sin komputadora, i me dio a mi las poezias ke ke vos mande asta ke abolta. Ansina vash a kontinuar, komo siempre, a resivir una poezia suya kada semana, "a kavod de Shabat." Saludos i Shabat shalom, Rachel ---- El Silensio de la Noche Un grito mudo sevia en su mirada, Se hue ravioso ,desho su boz adorada. El era un marido mas ke un amante Garnido kon un korason de diamante. Eya kulpante de kavzar este revolto, Hue abandonada por su mal komporto. ***** Esta mujer en una asolada kaza Se sentia komo bivir ariento de braza. Su oido en sus pasos kon dezespero Se via en desolusion en su espero... Los ojos en la puerta medya entornada Kon miradas tristes de verse kastigada. Los bezos se dekompozavan en su boka Deshando savor amarga ke la aloka. ***** Kada fin del dia,kuando eskuresia, En el mundo kedo sola le paresia. Keria tener su sol siempre asendido El era su abrigo... ..techo de su nido. Las soledades de las noches la matavan Sus alegrias de bivir se amatavan En el silensio de la noche. ***** En el silensio de la noche Kuando todo profundamente dormia Ariento de akel sielo nuvlado via Ke la luna kon su klaridad s’eskondia, Komo un amor en l’alma disparesia.... Su deseo era de bivir komo antes, Retornar a akeas alegrias i kantes Olvidando akel silensio de las noches. Haim Vitali Sadacca |
SEFARAD "Os cativos do exército dos filhos de Israel possuirão os cananeus até Sarepta, e os cativos de Jerusalém, que estão em Sefarade, possuirão as cidades do Sul." Obadias v.20 And the captivity of this host of the children of Israel {shall possess} that of the Canaanites, {even} unto Zarephath; and the captivity of Jerusalem, which {is} in Sepharad, shall possess the cities of the south. {which...: or, shall possess that which is in} Obadiah v.20
quarta-feira, 29 de junho de 2011
Poezia de Vitali:El Silensio de la Noche
Ladino Brit Ha Chadashah New Testament In Ladino
Description: The New Testament in Ladino (the language of the Sephardic Jews). This New Testament was published by the Orthodox Sephardic Messianic Jewish Community. by Gonarthouse in Books - Non-fiction, bible, and messiah
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Usando bancos de dados genealógicos compilados
Dados brutos é o que os genealogistas esperam encontrar na Internet. Para os genealogistas, dados brutos são qualquer nome, data, local ou índice que leve um pesquisador a mais registros ou informações. É por isso que bancos de dados de genealogia compilados estão ganhando popularidade rapidamente.
Alguns índices e bancos de dados são gratuitos, enquanto outros são acessíveis somente por meio de assinatura. Você pode ser capaz de iniciar imediatamente a sua pesquisa visitando alguns poucos bancos de dados e depois pode decidir cadastrar-se em um ou mais dos sites pagos posteriormente. Os sites gratuitos permitem que você experimente buscas ou insira informações em formulários de busca. Como esses sites são gratuitos, você pode não se sentir tão frustrado se a busca não funcionar imediatamente. Cada descendência é diferente: os registros e recursos que oferecem a maioria das informações diferem de pesquisador para pesquisador. Usar os sites gratuitos é uma boa maneira de ter uma idéia sobre se a sua linhagem particular ou região na qual seus ancestrais viveram foi bastante pesquisada.
Os sites de genealogia gratuitos incluem:
- FamilySearch (www.familysearch.org - em inglês), o site da Biblioteca de História Familiar da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Para qualquer pessoa que deseje pesquisar seus ancestrais, esse site gratuito inclui entradas que revelam nascimentos, mortes, casamentos, agregados familiares, linhagens, ancestrais e descendentes, e alguns índices para registros oficiais (nascimento, casamento e morte) e registros do censo.
- Olive Tree Genealogy (www.olivetreegenealogy.com - em inglês) oferece bancos de dados gratuitos de listas de passageiros de navios, alguns sites especializados em ancestrais imigrantes, guias "como fazer", tutoriais, e muito mais.
- RootsWeb (www.rootsweb.com - em inglês), propriedade daAncestry.com (em inglês), é gratuito e tem muitos bancos de dados exclusivos que incluem nascimentos, mortes, casamentos, fichas militares e bancos de dados para colocá-lo em contato com possíveis parentes.
Todos esses bancos de dados foram doados por colegas pesquisadores.
Sites de bancos de dados comerciais, como o Ancestry.com (em inglês) e oGenealogy.com (em inglês), oferecem uma ampla coleção de dados que incluem fichas, registros transcritos, imagens digitalizadas e muito mais. A grande pergunta é: eles valem o preço da admissão? A maioria dos genealogistas acredita que sim se você encontrar o que está procurando, mas, é claro, não existe uma garantia. Uma regra geral com sites comerciais é se inscrever por um ano, e se durante esse ano você não encontrar alguma coisa, mesmo com o novo conteúdo acrescido à coleção, reconsidere a renovação da sua assinatura. Alguns sites com assinatura estão disponíveis em bibliotecas públicas, assim você pode experimentá-los nesses locais.
Sites gratuitos podem não ser tão completos quando sites pagoss, mas sua principal vantagem, é claro, é a gratuidade.
Na próxima página, explicaremos o que é uma transcrição e como você pode usá-la para pesquisar sua árvore genealógica.
Para aprender mais sobre a construção de uma genealogia, veja Como funciona a genealogia (em inglês).
quinta-feira, 9 de junho de 2011
JUDEUS DE TRÁS-OS-MONTES MANTÊM PERFIL GENÉTICO
É a primeira vez que a composição genética dos judeus portugueses do Norte é analisada e a conclusão aponta para um baixo nível de contaminação por mistura de sangue e para a preservação de genes judaicos.
Pode falar-se de uma comunidade transmontanas de proveniência judaica com dupla composição: uma autóctone e outra castelhana, robustecida pela expulsão dos judeus de Castela, em 1492, e pela fuga à Inquisição do reino vizinho. Após os decretos de expulsão/conversão forçada (por D. Manuel I, em 1496) e após três séculos de Inquisição, este estudo pretende traçar a demografia histórica das comunidades criptojudaicas e da diáspora sefardita . Ainda não está concluído, mas já foram lançados alguns resultados preliminares que se relacionam com a zona de Trás-os-Montes: está feita a caracterização da composição genética da comunidade de judeus do Distrito de Bragança.
Para a elaboração deste estudo foram analisados 57 indivíduos (das aldeias de Carção e Vilarinho dos Galegos; vila de Argoselo; Cidades de Bragança e Mogadouro) que se assumiam como possuindo ancestralidade `judaica`.
De acordo com o coordenador do estudo, António Amorim, foram detectadas em comunidades do distrito de Bragança “linhagens típicas do Próximo Oriente dez vezes mais frequentes do que no resto do país que se identificam como sendo de origem judaica”. Pode dizer-se, continua António Amorim, “que houve manutenção de uma identidade cultural que se correlaciona com a persistência de um perfil genético distinto, mas que não corresponde a um isolamento total”. Quanto à interpretação destes dados, o investigador prefere “esperar pelos resultados das linhagens femininas para (re)analisar essas questões”, sendo que, de qualquer modo, "o nível histórico e socilógico dessa análise será feito por especialistas nessas áreas”. O estudo emergiu de uma análise do cromossoma Y (masculino), passado exclusivamente de pai para filho, e denunciou uma diversidade muito elevada de linhagem, com uma incorporação de genes não-judaicos relativamente pequena e a ausência de um acentuado desvio genético. Falta agora tentar perceber como é que estas comunidades evitaram a mistura de genes, previsível durante séculos de repressão religiosa.
Este estudo tem, no entanto, uma amplitude mais vasta. Abraça o crescente interesse, em várias áreas científicas, pela reconstituição de migrações, nomeadamente das populações judaicas que constituem um paradigma de comunidades em migração constante. O projecto focou um subconjunto bem limitado desses movimentos: o das comunidades judaicas da Ibéria depois do século XVI, quando esta minoria demograficamente importante foi forçada a escolher entre a conversão e o exílio. Pretende utilizar marcadores genéticos de populações actuais para inferir a demografia histórica das comunidades que permaneceram na Ibéria e daquelas que migraram para a Europa do Norte e para o Novo Mundo.
Foi estabelecido, previamente, o perfil genético das populações portuguesas actuais e deu-se início à caracterização das comunidades criptojudaicas (estando a das linhagens masculinas do Noroeste está já concluída). O próximo passo será investigar as comunidades Sefarditas da Europa e da América bem como elucidar o impacto da migração forçada de crianças de origem judia para São Tomé e Príncipe por volta de 1500 (caso tenha existido). As questões específicas a que tencionamos responder são:
(a) aquando dos decretos de expulsão essas comunidades eram geneticamente distintas? (b) em que medida as comunidades que permaneceram em Portugal mantiveram não só a sua identidade cultural, mas também o seu fundo genético? (c) o isolamento cultural acarretou o empobrecimento da diversidade genética? (d) o perfil genético das comunidades migrantes é consistente com a sua fundação por judeus ibéricos ou revela a incorporação de outras contribuições? e (e) em qualquer caso, as comunidades Europeias e Americanas revelam o mesmo padrão genético ou é diverso, nomeadamente em termos de género, como é clássico observar em ambientes coloniais?
Para responder a estas questões vão ser utilizados marcadores genéticos capazes de distinguir as histórias das linhagens femininas e masculinas das comunidades estudadas, de traçar os perfis genéticos dos fundadores e estimar proporções de mistura. Limitando a análise a casos relativamente simples e contrastantes, poderemos delinear modelos que permitam a investigação subsequente em situações mais complexas, como as da Diáspora mediterrânica.
Será também possível a esclarecer o tipo e a quantidade de fluxo genético entre as comunidades judaicas e as suas envolventes.
Os resultados preliminares foram publicados recentemente no American Journal of Physical Anthropology (Revista Norte-americana de Antropologia Física). O projecto envolve 16 investigadores, 10 dos quais doutorados, e cinco unidades de investigação: IPATIMUP, Centro de Estudos Africanos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Centro de Estudos Sefarditas `Alberto Benveniste`, Centro de Investigação em Antropologia da Universidade de Coimbra e Society of Crypto-Judaic Studies.
Resta acrescentar que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) reprovou este projecto destinado a traçar pela genética a história dos judeus sefarditas, alegando que “Um estudo genético deste tipo abre a porta a toda a espécie de manipulação ideológica”, temendo ainda “danos morais e intelectuais” de “extensão considerável” em comunidades “rurais e frágeis”. O coordenador do Projecto afirmou que não iria aceitar nem os argumentos, nem a decisão da FCT.
JUDEUS DE TRÁS-OS-MONTES MANTÊM PERFIL GENÉTICO
É a primeira vez que a composição genética dos judeus portugueses do Norte é analisada e a conclusão aponta para um baixo nível de contaminação por mistura de sangue e para a preservação de genes judaicos.
Pode falar-se de uma comunidade transmontanas de proveniência judaica com dupla composição: uma autóctone e outra castelhana, robustecida pela expulsão dos judeus de Castela, em 1492, e pela fuga à Inquisição do reino vizinho. Após os decretos de expulsão/conversão forçada (por D. Manuel I, em 1496) e após três séculos de Inquisição, este estudo pretende traçar a demografia histórica das comunidades criptojudaicas e da diáspora sefardita . Ainda não está concluído, mas já foram lançados alguns resultados preliminares que se relacionam com a zona de Trás-os-Montes: está feita a caracterização da composição genética da comunidade de judeus do Distrito de Bragança.
Para a elaboração deste estudo foram analisados 57 indivíduos (das aldeias de Carção e Vilarinho dos Galegos; vila de Argoselo; Cidades de Bragança e Mogadouro) que se assumiam como possuindo ancestralidade `judaica`.
De acordo com o coordenador do estudo, António Amorim, foram detectadas em comunidades do distrito de Bragança “linhagens típicas do Próximo Oriente dez vezes mais frequentes do que no resto do país que se identificam como sendo de origem judaica”. Pode dizer-se, continua António Amorim, “que houve manutenção de uma identidade cultural que se correlaciona com a persistência de um perfil genético distinto, mas que não corresponde a um isolamento total”. Quanto à interpretação destes dados, o investigador prefere “esperar pelos resultados das linhagens femininas para (re)analisar essas questões”, sendo que, de qualquer modo, "o nível histórico e socilógico dessa análise será feito por especialistas nessas áreas”. O estudo emergiu de uma análise do cromossoma Y (masculino), passado exclusivamente de pai para filho, e denunciou uma diversidade muito elevada de linhagem, com uma incorporação de genes não-judaicos relativamente pequena e a ausência de um acentuado desvio genético. Falta agora tentar perceber como é que estas comunidades evitaram a mistura de genes, previsível durante séculos de repressão religiosa.
Este estudo tem, no entanto, uma amplitude mais vasta. Abraça o crescente interesse, em várias áreas científicas, pela reconstituição de migrações, nomeadamente das populações judaicas que constituem um paradigma de comunidades em migração constante. O projecto focou um subconjunto bem limitado desses movimentos: o das comunidades judaicas da Ibéria depois do século XVI, quando esta minoria demograficamente importante foi forçada a escolher entre a conversão e o exílio. Pretende utilizar marcadores genéticos de populações actuais para inferir a demografia histórica das comunidades que permaneceram na Ibéria e daquelas que migraram para a Europa do Norte e para o Novo Mundo.
Foi estabelecido, previamente, o perfil genético das populações portuguesas actuais e deu-se início à caracterização das comunidades criptojudaicas (estando a das linhagens masculinas do Noroeste está já concluída). O próximo passo será investigar as comunidades Sefarditas da Europa e da América bem como elucidar o impacto da migração forçada de crianças de origem judia para São Tomé e Príncipe por volta de 1500 (caso tenha existido). As questões específicas a que tencionamos responder são:
(a) aquando dos decretos de expulsão essas comunidades eram geneticamente distintas? (b) em que medida as comunidades que permaneceram em Portugal mantiveram não só a sua identidade cultural, mas também o seu fundo genético? (c) o isolamento cultural acarretou o empobrecimento da diversidade genética? (d) o perfil genético das comunidades migrantes é consistente com a sua fundação por judeus ibéricos ou revela a incorporação de outras contribuições? e (e) em qualquer caso, as comunidades Europeias e Americanas revelam o mesmo padrão genético ou é diverso, nomeadamente em termos de género, como é clássico observar em ambientes coloniais?
Para responder a estas questões vão ser utilizados marcadores genéticos capazes de distinguir as histórias das linhagens femininas e masculinas das comunidades estudadas, de traçar os perfis genéticos dos fundadores e estimar proporções de mistura. Limitando a análise a casos relativamente simples e contrastantes, poderemos delinear modelos que permitam a investigação subsequente em situações mais complexas, como as da Diáspora mediterrânica.
Será também possível a esclarecer o tipo e a quantidade de fluxo genético entre as comunidades judaicas e as suas envolventes.
Os resultados preliminares foram publicados recentemente no American Journal of Physical Anthropology (Revista Norte-americana de Antropologia Física). O projecto envolve 16 investigadores, 10 dos quais doutorados, e cinco unidades de investigação: IPATIMUP, Centro de Estudos Africanos da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Centro de Estudos Sefarditas `Alberto Benveniste`, Centro de Investigação em Antropologia da Universidade de Coimbra e Society of Crypto-Judaic Studies.
Resta acrescentar que a Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) reprovou este projecto destinado a traçar pela genética a história dos judeus sefarditas, alegando que “Um estudo genético deste tipo abre a porta a toda a espécie de manipulação ideológica”, temendo ainda “danos morais e intelectuais” de “extensão considerável” em comunidades “rurais e frágeis”. O coordenador do Projecto afirmou que não iria aceitar nem os argumentos, nem a decisão da FCT.
Castelo Branco: a origem judaica
Neste período medievo eram poucos os judeus em posição que permitisse proteger suas mulheres e filhas. A grande maioria, artesãos e artífices, não conseguiram fazê-lo. Não raro, senhores da terra, possuíam mulheres casadas com homens de pequenas profissões. Há casos famosos de mulheres de oleiros, carpinteiros e outros mais. Aqui tratamos de uma mulher casada com um ferreiro, ambos da nação.
Uma documentação
A tal moça casada com um ferreiro, ambos judeus moradores de Allandra, teve sua história contada por Alão de Moraes em sua Pedatura Lusitana (vol. III, pág. 115) e por Felgueiras Gayo, no Nobiliário das Famílias de Portugal (título de Brandões - Brandões de Lima 21.1). Em ambos a história é a mesma. Alão de Moraes diz-nos que foi possuída, não se sabe se a gosto ou por estupro, por membro da nobreza lusitana. Há quem diga que o autor do feito tenha sido Ruy Barba e assim neto de Fernão Martins Barba, ou ainda Jorge Correa, Comendador de Pinheiro. O pobre do ferreiro, mesmo sabendo que o filho não era dele, criou-o como tal, e como judeu. Não era a primeira vez que um pai judeu calava-se para criar um filho que não era seu. Sobrevivência? Submissão? Medo? Quem sabe?!
Alão de Moraes diz-nos que por muito tempo o rapaz foi tido como filho legítimo do ferreiro. Depois soube-se da verdade inteira. O Rei João III sabia dela e muito o estimava. Isto se confirma no livro de Vasco Fernandes César.
Daqui em diante não se sabe o que é lenda e o que é verdade. Sabe-se apenas que a descendência da mulher do ferreiro, judia de pai e mãe, deixou legado na nobreza de Portugal. Coisa da maior importância.
Uma reação
Diz Alão de Moraes que o moço bastardo e judeu, estando na casa de ofício de seu pai de criação, viu uma discussão de negócios entre este e um outro homem, que muito agredia ao velho e humilhado ferreiro. Revoltado o moço tomou uma barra de ferro e matou o agressor daquele que o criou como filho. Teve que fugir. Foi dar na Inglaterra. Não teve tempo de nada levar a não ser uma capa e uma espada. Neste país apresenta-se ao Rei Eduardo, o qual vendo que era moço grande de corpo e bem disposto, tomou-o como criado. As histórias repetem-se, tendo sido o moço hebreu sempre ligado a mortes e assassinatos.
A primeira delas refere que logo que chegou à Inglaterra foi muito humilhado por um cavaleiro da corte. Decidiu então matá-lo. Falo-ia, no entanto, desta vez, dentro da lei da época. Pediu ao Rei que lhe desse campo para o desafio. Concedida a tal autorização, abateu o cavaleiro inglês injuriador valorosamente, coisa que aumentou seu prestígio junto ao Rei, que a partir de então usou-o sempre em suas guerras, nas quais deu mostra de seu valor. Galgou todos os postos militares chegando a General de uma armada na guerra contra os franceses, em missão que os desbaratou.
Outro relato
Cita-se ainda outro episódio bem interessante. Diz que cansados de tanta guerra, os reis de Inglaterra e França decidiram que escolheriam cem homens de cada país, que lutariam entre si e decidiriam o destino da guerra, evitando assim mais mortes. O Rei Duarte IV da Inglaterra escolheu-o entre os seus cem guerreiros. No fim da contenda restaram ele pelo lado inglês e um alemão que mais parecia uma porta pelo lado contrário, a quem o hebreu matou, sendo o único sobrevivente de tal desafio.
Homem de pavio curto e violento é figura central de outro episódio em que fora convidado a comer com outros cavaleiros e capitães, que fazendo pouco dele, tomaram os principais lugares à mesa deixando-o por último. O judeu tomado de revolta pegou seu punhal, cravou violentamente na mesa junto a si e disse que a cabeceira era onde ele estava e por ali começariam a servir a mesa. No que foi prontamente obedecido.
Depois de todas estas coisas, até o Rei de França ficou desejoso de conhecê-lo. Celebrada a paz entre os dois países, ele foi especialmente convidado, e sentou-se a mesa com os dois monarcas.
Depois de tantos feitos, o Rei Duarte IV da Inglaterra resolveu convertê-lo ao cristianismo. Foi seu padrinho de batismo e deu-lhe o nome. O sobrenome ele tomou de Henrique Brandão embaixador de Portugal à Inglaterra. O tal monarca o fez cavaleiro da ordem da Jarreteira e Capitão da ilha de Guarnacem. Ainda na Inglaterra casou com Margarida Bemonde, ou Joana ou ainda Margarida da Monta.
Anos depois, foi encarregado de levar pessoalmente a Portugal as divisas da ordem da Jarreteira ao Rei João II. A rogo deste fixou-se em sua terra. O monarca deu-lhe a vila de Buarcos e a administração das capelas do Rei Afonso IV e do Reguengo de Gradil.
Árvore genealógica
A descendência de Duarte Brandão é das mais ilustres em Portugal e além-mar. Exemplifique-se aqui: uma neta, Margarida de Lima casou com Pedro de Castelo Branco, Capitão de Ormuz, e senhor do morgado de Castelo Branco; um 5º neto Francisco de Castelo Branco, irmão do 1º Conde de Pombeiro, ambos trinetos do anterior, casou em 1681 com Maria Eugênia de Mesquita - ele e a filha passaram ao Maranhão (Herdeiros do Poder, gráfico XV); uma 6ª neta Ana de Castelo Branco Mesquita, filha da anterior, natural de Lisboa, que passou ao Maranhão com o pai, casou em São Luís com João Gomes do Rego (Bezerra Silveiras, destes autores - 132.3) filho de João do Rego Barros, Governador da Paraíba e de Caetana Teodora Valcasar.
Ainda: um 7º neto Francisco da Cunha Silva de Castelo Branco, filho do anterior foi Capitão do regimento de cavalaria auxiliar de Oeiras-PI, casou com Ana Rosa Pereira do Lago; um 8º neto Marcelino José de Castelo Branco, filho do anterior, faleceu em 1812, casado com Maria Florência de Castelo Branco; uma 9ª neta Cândida Rosa de Castelo Branco, filha dos anteriores casou com o primo Marcelino Borges de Carvalho; um 10º neto Francisco Borges de Carvalho, filho dos anteriores, casou com Beatriz Virgínia da Silva de Castelo Branco; um 11º neto General Cândido Borges Castelo Branco, filho dos anteriores, nasceu em 1861, em Campo Maior-PI - casou com Antonieta Alencar Gurgel do Amaral, quarta neta de Inácia Pereira de Alencar, irmã de Bárbara de Alencar. É por esta via que o Frei Beto, que por muito tempo foi mentor do Presidente Lula, é parente próximo do Marechal Castelo Branco.
Por fim: m 12º neto Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco, filho dos anteriores. Nasceu em Messejana-CE a 29 de janeiro de 1900 e faleceu em Mondubim-CE em 1967, vítima de desastre aéreo. Militar de carreira brilhante e revolucionário de primeira hora, lutou na segunda guerra, com a FEB na Itália. Como comandante do IV exército e do Estado Maior, chefiou o movimento revolucionário de 1964 que depôs o Presidente João Goulart. Tomou, assim, o seu lugar como Presidente da República (1964-1967).
Fique por dentro
A Inquisição
O "Malleus Maleficarum", escrito em 1484, pelas mãos dos inquisidores Heinrich Kramer e James Sprenger, foi, ao longo de quatro séculos, o livro que serviu de manual oficial da Inquisição, na determinação desta em realizar uma definitiva caça às bruxas. Desse modo, as sentenças desse livro serviram para levar à tortura, bem como à morte, o estarrecedor número de mais de 100 mil mulheres, que, distantes da fé católica, ou mesmo com esta identificadas, foram acusadas de cópula com o demônio. A Inquisição se julgava porta-voz da purificação. Ao torturar e matar os hereges, os inquisidores se diziam em luta contra o demônio, visando, assim, à salvação de uma alma perdida.
A Inquisição no Ceará
A INQUISIÇÃO NO CEARÁ - A INQUISIÇÃO, O MAR E A SECA
DOMINGO, 20 DE JUNHO DE 2010
As opções eram converter-se ao catolicismo ou sair. Os que não aceitaram a conversão saíram da Espanha em 21 de agosto de 1492 (9 de av). Cerca de 300 mil judeus emigraram. Cem mil deles entram em Portugal, que somados aos hebreus autóctones passaram a representar 10% a 20% da população portuguesa. Ao entrarem em sua nova pátria pagaram tributos por cabeça e por posse em troca da promessa de liberdade religiosa. Eram os de pouca posse: artesãos, ferramenteiros, ferreiros, ourives, médicos de pouco nome e demais pequenas profissões que interessavam a Portugal.
O avô e o pai de Mestre Roque fizeram esta opção. No país luso passaram a morar em Évora, em Monxarax. Esperavam muito. Afinal a Ibéria era a terra deles há muitas e muitas gerações. A paz, no entanto, demorou muito pouco. No ano seguinte ao da expulsão da Espanha, movido por motivos políticos, e usando o furor do fanatismo religioso, iniciou-se a onda de conversões forçadas. Ao mesmo tempo era firmada a proibição de deixarem o país. Os conversos passaram a ser propriedade do estado. Em 1497 a religião judaica foi proibida em Portugal e ao lado disto todos os judeus foram conversos forçadamente. Aprisionados e sem comida e água, sobre eles foram jogados baldes de água benta.
Assim estava extinto oficialmente o judaísmo na Ibéria.
Os produtos deste ato bárbaro, os cristãos-novos, ou marranos, no entanto continuaram secretamente a prática de sua fé ancestral, até que em 1536 foi criada a Inquisição portuguesa com a finalidade principal de zelar pela prática católica daqueles, em sua maioria, conversos à força.
O avô e o pai de Mestre Roque também foram obrigados à conversão. Como a maioria do povo converso continuara secretamente na sua fé. Ao mesmo tempo, ele exercia a medicina rudimentar que aprendera com os seus. Vivia de sua profissão em Évora quando foi surpreendido e preso pelo Santo Ofício sob a alegativa que praticava a lei antiga contida no Velho Testamento. Levado ao cárcere e sob torturas sucumbe.
Confessa a fé e prática na lei mosaica, e denuncia os seus parentes e amigos. Com remorso de ter levado a desgraça a mais pessoas toma um urinol de cerâmica, sujo de fezes e urina, único objeto existente em seu cárcere, quebra-o e com seus fragmentos corta as veias e artérias de seu pescoço. Tinge de sangue rutilante judeu o chão de Portugal.
O mal, no entanto, já estava feito. Nos últimos depoimentos Mestre Roque havia dito que seu irmão Fernão Lopes acreditava no Velho Testamento. Este era alfaiate do Duque de Bragança. Isto nada lhe valeu de proteção no Santo Ofício. Preso, confesso e renitente, terminou sendo queimado vivo pela Santa Inquisição.
A esta altura, o que restava da família, que estava fora do cárcere, em polvorosa fugiu de Portugal. A mulher de Fernão Lopes, Branca Rodrigues, uma irmã dela, Violante e seu marido, juntamente com os filhos de ambas as irmãs fugiram para a Bahia. Cá estavam e em paz em 1591 quando chega o visitador do aparelho inquisitorial, que pela primeira vez na Bahia faria uma devassa terrível nos costumes então relativamente livres da capitania, cujo objeto maior era verificar a prática do catolicismo por parte dos judeus conversos e seus descendentes. Na Bahia chovem denúncias da prática religiosa da família. Afirmavam inclusive que possuíam Sinagoga em sua residência. O destino mais uma vez fechava as portas para eles.
Beatriz Mendes, uma filha de Fernão Lopes, o executado, e de Branca Rodrigues, já então casada com Francisco Mendes Leão, temerosa refugia-se com o marido, em Pernambuco. Não sabiam o destino do visitador. Este, terminada a devassa na Bahia, vai imediatamente a Pernambuco, com mesma finalidade, onde chega em 1593. A primeira denúncia feita ao inquisidor em 24 de outubro de 1593 é exatamente contra o casal fugitivo, e por judaização. Sabedores da denúncia, eles novamente fogem. Abandonaram Pernambuco. Deixam, no entanto, uma filha.
Isabel Mendes, a filha do casal fujão, ficou em Pernambuco, porque já então era casada e com cristão-velho, coisa que lhe dava certa proteção. O marido era Pero Cardiga Lobato, que nascera em Sardoal em 1534. Depois passou a Pernambuco onde em 1593 era capitão de ordenanças de Olinda e rico senhor de dois engenhos, um na Várzea e outro no Jaboatão. A mulher Isabel escapa do Santo Ofício, mas Pero Cardiga não consegue fazê-lo. Possuidor de um pavio curtíssimo e de uma língua bem solta foi denunciado, processado por blasfêmia e julgado pelo Santo Ofício em Olinda. O ato final ocorreu em 16 de julho de 1594. Foi penalizado com repreensão sigilosa e pagamento de custas processuais de 100 cruzados.
É bom falar-se aqui que, apesar de se dizer que tribunais do Santo Ofício só existiram em Portugal (5) e Goa, o processo do velho Pero Cardiga é prova inconteste que existiram em outras paragens, inclusive aqui em Olinda. O cristão-velho Pero Cardiga e a marrana Isabel Mendes tiveram vasta descendência. Dois de seus filhos são objetos de nossa citação: Felipa e Tomázia Cardiga.
Felipa Cardiga foi a mulher de Frutuoso Barbosa que, apesar de apresentado como cristão-velho, não era exatamente isto, pois oitavo neto do judeu Ruy Capão, fato que não lhe impediu de ser Cavaleiro da Ordem de Cristo. Ele chegou a Pernambuco ainda novo e embrenhou-se na Paraíba ainda virgem à procura de pau-brasil. Fez grandes cabedais nesta atividade. Rico, voltou a Lisboa onde reivindica o arrendamento da Paraíba, capitania real. Conseguiu-o em 25 de janeiro de 1579 pelo prazo de dez anos, com investimento total às suas expensas. Obteve para tal o título de primeiro capitão-mor governador da dita capitania e um salário anual de 200$000. Armou navios, contratou mão-de-obra, adquiriu ferramentas e armas e partiu para Paraíba. A pressa era tão grande de chegar ao seu destino que, tocando primeiro em Pernambuco, atracam os navios ao largo, para um reabastecimento rápido, e resolvem pernoitar nos navios sem descer. Nesta mesma noite, uma monstruosa tempestade abate-se sobre a costa pernambucana, arranca os barcos das amarras e joga-os aos mares sem destino. O navio em que se encontrava Frutuoso Barbosa veio dar no Caribe, onde falece sua primeira mulher Maria Jacques. Viúvo e pobre, volta a Portugal para novamente reivindicar a Paraíba, agora governada por João Tavares. Foi assim que ele em 1587 passou a ser o segundo capitão-mor governador da Paraíba.
Em Pernambuco havia casado com Felipa Cardiga, a judaizante. Deixaram enorme descendência. Entre eles os primevos Barbosas no Nordeste, e em Portugal. Entre os últimos citam-se os Viscondes de Montalegre. Uma irmã de Felipa Cardiga, Tomázia, também filha de Pedro Cardiga e da judaizante Isabel Mendes, morou na Paraíba onde vivia casada com Pero Coelho de Souza, que era, segundo o Barão de Studart, açoriano. Em 1603 Pero Coelho de Souza resolve tentar a conquista da Ibiapaba, então defendida por nativos hostis secundados e auxiliados por franceses.
Recebeu ele para tal missão o título de capitão-mor. Mandou por mar três barcos com mantimentos e munições em direção ao rio Jaguaribe, onde deveriam se encontrar com os que iam por terra, chefiados por ele próprio, que seguiu com 65 soldados, entre os quais Martim Soares Moreno, e ainda 200 índios flecheiros. Encontraram-se no rio Jaguaribe, daí seguiram para Camocim e, em seguida, à Ibiapaba, onde venceram os nativos e aprisionaram os franceses. Segundo Barão de Studart, desejava ele seguir ao Maranhão então dominado pelos franceses. Uma rebelião entre os seus o obrigou, no entanto, a retornar.
Em 1605 Pero Coelho de Souza, acompanhado da mulher, a marrana Tomázia, e filhos, parte novamente para o Ceará, desta vez em uma caravela. Aqui chegando, sofrendo a deserção dos seus soldados, enfrentando forte oposição nativa e, diante de uma seca terrível, empreende uma terrível retirada a pé, em busca da Paraíba. Além da família acompanham-no 16 soldados e o índio Gonçalo. A travessia da infeliz caravana foi por demais dramática. Desesperados e atingidos pela fome e sede, viram um a um irem-se sem vida os companheiros. Dos cinco filhos do capitão-mor, pelo menos dois, entre eles o mais velho de 18 anos, faleceram de fome e sede. Finalmente, esqueléticos, chegam ao Rio Grande, onde Tomázia não conseguindo resistir aos sofrimentos do corpo e da alma falece.
Cumpre-se assim em Tomázia o destino dos seus desde a Ibéria até o Ceará.
Cândido Pinheiro Koren de Lima é médico e pesquisador da cultura judaica no Nordeste.
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A INQUISIÇÃO NO CEARÁ - O CEARÁ NO SANTO OFÍCIO
A dificuldade enfrentada pelo Ceará no século XVII é atestada por documento microfilmado na Torre do Tombo, datado de 1816, quando o terceiro governador do Ceará, Luís Barba Alardo de Meneses, faz referência ao começo da capitania. Ele diz: ``Pode-se seguramente afirmar que até esse tempo era desconhecida e considerada como árida e estéril e por isso não teve nunca donatário...``.
A criação do gado seguindo o caminho das águas Interior adentro, porém, produz fenômeno diferenciado de ocupação territorial na capitania cearense. Se núcleos urbanos surgidos no litoral mantiveram a posição hegemônica em outras regiões, como Salvador, Recife e Rio de Janeiro, no Ceará se deu o contrário.
Os primeiros povoamentos a alcançarem relevância econômica surgiram no Interior, como consequência da migração advinda da Bahia, de Pernambuco e da Paraíba. Elementos aglutinadores dessa ocupação, as fazendas de gado surgem às margens dos rios Jaguaribe e Acaraú, como responsáveis pela formação dos primeiros núcleos de povoação, nascendo daí as cidades de Icó, Aracati e Sobral.
O Ceará pertenceu à capitania de Pernambuco até 1799. Com a independência, já em meados do século XVIII, a pecuária consolida-se como a primeira atividade de importância para o Estado, a partir da produção da carne seca. Por essa época as vilas de Icó e Aracati se destacam como polos econômicos.
Mas apesar do progresso verificado, a situação da capitania ainda era muito pobre. Em descrição sobre o ano de 1814, o naturalista João da Silva Feijó, afirma: ``à vista do que se há expendido até aqui, he para admirar o atrazamento em que tem estado esta capitania, apesar de ser povoada a mais de duzentos annos; com tudo, como se vê, ha grandes recursos e meios infinitos de se prosperar, e fazer rapidos progressos....``.
Feijó, sargento-mor, e encarregado de investigações filosóficas na capitania, bem como Luís Barba, ignoram a Inquisição em suas observações quase um século depois da primeira denúncia.
A INQUISIÇÃO NO CEARÁ - GOVERNOS, SEGREDOS E DOGMAS
``Não só tem mofado e mettido à bulha publicamente os preceitos da Igreja, os seus sacramentos e actos de piedade os mais santos uteis e necessários; mas tão bem tem commettido a sacrílega temeridade de insultar directamente mesmo Deos na adorável pessoa do Espírito Santo``.
Sarmento era secretário do governo no Ceará, que justamente naquele ano era exercido por uma junta governativa. Fazia exatamente um mês que havia morrido o primeiro governador do Ceará Grande, Bernardo Manuel de Vasconcelos. Sarmento, ``homem acreditado, instruído, influente``, fora tratado na mesma carta por ``miserável, desgraçado homem``, acusado de blasfêmias e libertinagem.
O padre, morador da Villa de Fortaleza, listou argumentos e reclamava ``falta de providências``. As difamações a Deus e aos dogmas religiosos teriam sido por Sarmento em missas que faltava costumeiramente ou incentivando que familiares ou conhecidos também não frequentassem. Até bate-boca por isso teria acontecido com um vigário da Villa Nova do Arronches (hoje bairro Parangaba).
Sarmento teria aversão à vida mística, segundo o registro. O padre o denunciou também por consumir ``livros prohibidos``. Entre eles, La Phylosophie du bons sens (A Filosofia do Bom Senso), de Jean-Baptiste Boyer D´Argens (1722-1759), e La Antiquité dévoilée par ses usages (A Antiguidade Desvendada por seus Hábitos), de Nicolas-Antoine Bourlanger (1704-1771). Assim como a vigilância aos fiéis, a Inquisição também fazia cerco a publicações que considerasse ousadas demais.
A mais agressiva das delações foi a de que Sarmento, agora chamado de ``monstro da maldade, triste desgraçada victima da lascívia``, ``cometeu pecado de molice (?) com um índio parvolo`` (párvulo, pequenino) nos fundos da casa de um padre, e logo após ter se confessado.
Não foram mesmo meias palavras contra o então secretário. O denunciante falou de ``notícias de 1800`` e disse que Sarmento ``foi já penitenciado em Lisboa, segundo dizem pelo Santo Tribunal da Inquisição``. O POVO procurou registros desta afirmação no acervo da Torre do Tombo, em Portugal, mas não conseguiu localizar nenhum documento a respeito.
Francisco Luís de Mariz Sarmento era casado com Maria Amélia de Figueiredo. Tinham um filho, Alexandre Maria de Mariz Sarmento, que inclusive veio a ser contador-geral do Tesouro e foi um dos fundadores, em 1838, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
A família Mariz Sarmento teve até título de nobreza em Portugal. Mas a Inquisição não perdoava de antemão. A queixa do padre Cavalcante chegou às mãos dos inquisidores. O comissário enviou comunicação em 21 de janeiro de 1803. Virou processo (nº 13.977). O arquivo da Torre do Tombo só consta a carta do padre. Em 1802, a Villa de Fortaleza tinha pouco mais de 3 mil habitantes. O caso deve ter virado fofoca fácil na época.